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giovedì 15 marzo 2012

Villa Algarve: antiga sede da PIDE em Maputo


Ieri, il nostro mitico autista, Sr. Mutemba, passando vicino al nostro ufficio attuale, ci ha mostrato questa casa in rovina che vedete nella foto: si tratta della famosa Villa Algarve, la sede della polizia coloniale il cui compito era stanare tutti le persone pericolose per la stabilità della colonia, attivisti politici, artisti, poeti e quant'altro.

Ne hanno combinate di tutti i colori lì dentro, e si racconta esistesse una botola segreta che permetteva di portar via i morti direttamente verso le fogne e da lì al mare, in modo che non ne restassero traccia.

Tutti i mozambicani ricordano quella storia, e sicuramente ancora oggi non è cicatrizzata, come testimonia lo stato di incuria della Villa, malgrado le dichiarazioni di ristrutturazione che si sono succedute nel tempo, ultima quella dichiarata dall'ordine degli avvocati moambicani nel 2008 come appare dal bel articolo qui sotto riprodotto.

Il punto centrale è che non si è voluto fare, fin'ora, nessun rituale purificatore della casa, e pertanto nessun operaio mozambicano osa entrare a lavorarci.
Storie simili se ne sentono spesso, l'ultima riguarda il ponte di Inhambane, dove gli incidenti si ripetevano tutti i mesi finchè non è stata sacrificata una vacca, secondo i rituali locali, e da allora non ci sono più stati problemi. Villa Algarve si porta dietro una storia troppo triste, carica di simboli e di ricordi che fanno parte del patrimonio del nuovo paese: la sua memoria. Forse varrebbe la pena fare uno sforzo e rimetterla a posto, per salvaguardarla a futura memoria di cosa combinò il colonialismo.

"… no entanto, um típico tremor, quando olho os clássicos azulejos. São os meus joelhos a falar (…), vinte e quatro séculos morridos em duas dezenas de horas de pé (…). Devo-te, Maria, no epílogo do pânico, manter--me calado, em me sentir um verme…"
Assim, em mais um dos seus poemas a Maria, José Craveirinha, poeta de Moçambique, lembrou, em verso, a "Vila Algarve", onde, em 1966, à tarde, como diz noutro poema, "pela duodécima vez, abanava a cabeça e dizia - Não sei!". Ano e momento em que diante de um subchefe Acácio, se confrontava com uma espécie de "deus fantasmagórico envolto na especial nuvem de tabaco, mistura de Virgínia com pele", sofrendo a dor do "cigarro aceso a fumar de repente o ombro direito", um cigarro que apagava a sua boca de lume no calor escuro da sua omoplata…
A "Vila Algarve" era, nesse tempo, a sede da PIDE-DGS, e Craveirinha estava preso, ocupando, com o pintor Malangantana e o também poeta Rui Nogar, a célebre "Cela 1", adivinhado buraco de dor no interior da esplêndida moradia, decorada, no exterior, com fascinantes e luxuosos quadros algarvios de azulejo azul e branco. Rui Knopfli, outro poeta de Moçambique, também preso na "casa amarela", alude, no prefácio do livro "Maria", com poemas de Craveirinha, aos "reflexos insidiosos dos azulejos da 'Vila Algarve'".
Eram então jovens, ainda, esses agora enormes vultos da cultura de Moçambique, os negros, mestiços e brancos, e Knopfli destaca essa juventude, mesmo a juventude moçambicana de origem europeia "mas já nascida em África e despertada para as injustiças coloniais".
Depois da independência, varrida a PIDE, a "Vila Algarve" ficou como símbolo da infâmia, uma casa de fantasma e cujo interior só corriam os "moluenes", as crianças de rua, e, depois, na fuga para Maputo imposta pela guerra civil, os refugiados, muitos, atormentados pelos demónios do conflito e que talvez nunca tivessem ouvido falar da PIDE e do que ela fazia naquela "casa amarela"…
No princípio dos anos 90, em reportagem para a TSF, ali encontrei gente fugida da guerra, ocupando todos os centímetros quadrados da casa, incluindo as celas onde sofreram Craveirinha, Knopfli, Malangantana, Nogar e outros. Dei-me conta dos contrastes, o exterior belo na majestade daqueles azulejos algarvios, o interior com as sombras e as manchas da tirania e pensei que faria sentido ali se instalar alguma instituição--símbolo da liberdade, da justiça, da democracia. Porém, muito tempo passou e nenhuma força, idealmente luso-moçambicana, foi capaz de gerar apoios para a reconstrução da "Vila Algarve" e a sua abertura a gente de bem.
Agora parece começar a cumprir-se o justo destino da "Vila Algarve", com o novo bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Gilberto Correia, determinado a conquistar apoios para ali instalar a Ordem, uma instituição da justiça, da liberdade e da democracia. Anunciou a intenção e espera contribuições, também de Portugal, por ser justo e por ser um imperativo histórico lusitano.
A reabilitação da "Vila Algarve" custará cerca de 400 mil euros e o Governo moçambicano já prometeu dar uma parcela de 25 mil euros.
Fonte: http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=999767&page=2

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