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venerdì 29 aprile 2022

Hegemonia cultural no "desenvolvimento”

 

O conceito de hegemonia cultural nos foi legado pelo Antonio Gramsci, sobre o qual ele escreveu em seu Quaderni dal carcere, indicando as várias formas de "dominação" cultural e/ou "direção intelectual e moral" por um grupo ou classe que é capaz de impor suas opiniões a outros grupos, através de práticas cotidianas e crenças compartilhadas, até que sejam internalizadas, criando as condições para um complexo sistema de controle. (Wikipedia)

 

A seguir, apresentarei algumas breves reflexões sobre a aplicação deste conceito no tema do "desenvolvimento".

 

Penso que é possível considerar que a prática das chamadas intervenções de "desenvolvimento" no chamado "terceiro mundo" vem crescendo desde os anos 80, mais ou menos em paralelo com a ascensão da ideologia neoliberal da qual os progenitores políticos foram Margaret Thatcher e Ronald Reagan, e os progenitores intelectuais vieram de grupos pouco conhecidos como a Sociedade Mont Pelerin, que preparou o terreno acadêmico que mais tarde inundaria o mundo a partir de Milton Friedman e seus seguidores no Chile de Pinochet.

 

Sua influência sobre as políticas e programas de "desenvolvimento" foi tal que, sem medo de contradição, podemos dizer que todas as organizações (não governamentais) envolvidas no "desenvolvimento" nasceram em oposição à hegemonia cultural neoliberal. No nível dos governos, a criação de instituições responsáveis pela "cooperação para o desenvolvimento" tem seguido caminhos e tempos diferentes, mas acho que podemos dizer que, por razões óbvias, a oposição ao mundo neoliberal sempre foi muito mais comedida. Finalmente, no nível supra-governamental, as agências das Nações Unidas, sendo o ponto onde caem as assimetrias de poder nacional, sempre foram de fato afetadas pelo ambiente cultural em que se banhavam, de modo que se no nível dos indivíduos (funcionários) a crítica era (e é) muito forte, à medida que se sobe na hierarquia, a crítica desaparece para se diluir em retórica institucional cheia de boas intenções, mas sem nenhum efeito na prática.

 

O único verdadeiro desafio a esta hegemonia cultural veio do mundo das organizações camponesas (movimentos). Exemplar neste sentido é o caso da Via Campesina, nascida no início dos anos 80, no auge da ascensão do pensamento neoliberal e influenciada (em oposição) pela censura e restrições impostas pelos governos ditatoriais militares de muitos países do sul. Ao longo dos anos, tentou impor uma espécie de contracultura baseada em conceitos derivados do pensamento socialista e das experiências ancestrais dos povos camponeses que eles queriam representar. Tendo crescido ao longo dos anos para se tornar uma espécie de contra-modelo internacional, agora sofre de uma espécie de laxismo por parte das novas gerações que, mesmo quando o colocam no Olimpo dos mitos, se afastam dele na prática, provavelmente por causa de práticas de gestão que ainda são predominantemente patriarcais, muito relutantes em se abrir a outras posições além da ortodoxia que elas próprias definem.

 

Neste caso não podemos falar de uma verdadeira hegemonia, porque de fato sua influência na vida cotidiana dos trabalhadores do desenvolvimento sempre permaneceu marginal.

 

O que lutei durante meus anos na FAO foi outra forma de hegemonia cultural, que não quer se reconhecer como tal, mais sutil, mas que de fato permeou o modo de pensar e, portanto, a forma de operar de forma duradoura uma parte importante das organizações, tanto no Norte como no Sul.

 

O primeiro ponto que me fez pensar, foi encontrar (nos anos 80) algumas ONGs italianas que estavam envolvidas no desenvolvimento agrícola, primeiro na Nicarágua e depois na Costa do Marfim. Eram organizações diferentes, em termos de origem e orientação política, mas o que tinham em comum era o que eu chamaria de senso de superioridade inconsciente em relação às mulheres camponesas e agricultores do Sul. Era uma mistura de empatia superficial evidente no desejo de ser bem-vindo, mas nunca estudando em profundidade as sociedades nas quais eles queriam intervir, o que teria levado muito mais tempo para se preparar, o que talvez teria levado a questionamentos sobre o significado do que "nós" queríamos trazer para "eles", e uma crença inequívoca de que "nós", que viemos de sociedades camponesas antigas e ainda existentes, e que "nos desenvolvemos" após a Segunda Guerra Mundial através da mecanização e da indústria química na agricultura, tínhamos as respostas para seus "problemas". Em outras palavras, sem saber, esses colegas tinham interiorizado sem nenhum espírito crítico o que Arturo Escobar tinha bem detalhado em seu livro A Invenção do Terceiro Mundo - Construção e Desconstrução do Desenvolvimento(que eu leria muitas décadas depois). Ou, visto de outra perspectiva, eles repropõem, com algumas variações, o mesmo discurso de "modernização" da agricultura proposto/imposto pelos americanos sobre nossa agricultura européia no final da Segunda Guerra Mundial, com base em seu mítico "Yeoman Farmer" (https://discover.hubpages.com/politics/Myth-of-the-Yeoman-farmer#:~:text=The%20western%20Yeoman%20did%20não%2020have%20particularmente%20alto,foram%20mudando%20a sua%20visões%20on%20Agricultura%20na%20sociedade).

 

Ao longo dos anos conheci outros, às vezes sinceramente mais preocupados em "compreender" as sociedades onde foram chamados a operar, mas sempre a um nível muito superficial. O mesmo se aplica à crença exagerada na tecnologia do norte. Mesmo quando essas tecnologias se tornaram "apropriadas", raramente se perguntava, a priori, quais eram as verdadeiras causas do problema em questão, e se o pedido de intervenção era uma demanda original e genuína dessas populações, ou se estava se tornando uma prática administrativa, um pedido feito por doadores, ansiosos para demonstrar aos seus contribuintes que o dinheiro gasto na "cooperação para o desenvolvimento" era bem gasto (value for money, como dizem os anglo-saxões, com sua retórica do econômico, eficiente e eficaz - https://www.oecd.org/development/effectiveness/49652541.pdf).

 

Se minhas críticas a estas formas de ver as coisas me vieram espontaneamente desde o início, muito dependia dos ensinamentos de meu mentor Marcel Mazoyer que, na Cátedra de Agricultura Comparada e Desenvolvimento Agrícola do INAP-G, costumava começar o ano lembrando-nos de dois princípios sólidos: o primeiro era que tínhamos que entender que jogo queríamos jogar, (il faut savoir à quoi on joue) e o segundo era lembrar-nos que ninguém nos tinha convidado a pôr os pés nos países, economias e culturas do Sul. A escolha foi nossa e estávamos impondo-a aos povos que não nos pediam.

 

O aspecto insidioso contra o qual lutei, e ainda luto, é a retórica da participação. Não tenho dúvidas de que quando a proposta de abordagens mais participativas foi introduzida (nos anos 70) foi uma pequena revolução que quis ir contra a dimensão de domínio indiscutível que os especialistas (obviamente homens e brancos) tinham, cuja palavra era evangélica e para quem as populações locais eram os receptáculos de suas diretrizes, sem que fossem reconhecidos como tendo profundidade histórica e cultural, bem como técnica, em suma, uma base concreta a partir da qual começar. Começar a falar sobre participação foi, portanto, radicalmente diferente, tanto que a FAO financiou durante muitos anos um programa de participação camponesa (People's Participation Programme) que eu conheci em meus primeiros anos com a organização.

 

Entretanto, um conceito, seja ele qual for, deve evoluir ao longo dos anos, de acordo com as novas realidades em que é chamado a operar, caso contrário, ele se tornará obsoleto ou, pior, mudará em direções indesejadas. Foi o que aconteceu com a "participação", como a elite cultural dominante a assumiu, a ponto de esvaziá-la de conteúdo, tanto que meu velho amigo Hernan Mora cunhou o epíteto "participulação", ou participação manipulada, usada para fingir ouvir as opiniões, críticas e propostas das contrapartes com as quais se trabalha, sem que esta "escuta" faça mossa nas posições predeterminadas daqueles que estabelecem a lei, dos doadores e/ou dos operadores de desenvolvimento.

 

A melhor maneira de impor sutilmente a transformação da "participação" em "participulação" tem sido fazer com que ela passe o escrutínio do credo econômico neoliberal dominante. Uma abordagem participativa leva tempo, na verdade poderíamos dizer que é impossível determinar a priori quanto tempo levará para criar um sentimento de credibilidade da pessoa estrangeira na comunidade, aos olhos daqueles que são membros da comunidade, para que surja um verdadeiro diálogo entre as pessoas de mente aberta. Tempo é dinheiro, e nenhum doador pode se dar ao “luxo” de gastar muito tempo estabelecendo um clima de confiança (sempre em nome da retórica do contribuinte local que quer uma boa relação custo-benefício). Experimentei isso em um projeto financiado pela cooperação holandesa conosco na FAO na região de Kafa, na Etiópia: o documento inicial do projeto, rejeitado pelo doador, que então decidiu não dar o dinheiro à ONG que o tinha preparado, tinha sido escrito na capital sem nunca ir às áreas de operação, porque estavam longe, desconfortáveis, teria demorado muito tempo, etc. etc. 

 

A FAO aceitou o dinheiro e me pediu para propor uma pessoa para ir e cuidar da implementação. Propus um amigo, Alberto, com quem havia trabalhado em outros países, um agrônomo de campo livre, que foi se estabelecer no vilarejo de onde seriam administradas as operações. Não demorou muito para ele perceber que o documento do projeto não só não tinha nada a ver com ele, mas, pior ainda, tinha criado um clima de desconfiança em relação aos "estrangeiros" que queriam fazer "desenvolvimento". Levou nove meses para que tudo voltasse ao normal, para criar uma atmosfera de cooperação real, tanto com as autoridades locais (e qualquer pessoa que tenha trabalhado na Etiópia entende do que estou falando) quanto com as comunidades. A pressão que a FAO recebeu do doador foi difícil de acompanhar: sua preocupação era a típica preocupação do doador, ou seja, mostrar que o dinheiro doado é gasto (primeiro e acima de tudo) e depois talvez bem gasto. Meus chefes da FAO rejeitaram a responsabilidade sobre mim, já que era eu quem cobria o trabalho de Alberto no terreno, e como eu tinha ombros largos (e uma certa reputação), eles eventualmente esperaram. Uma vez restabelecida a confiança, o projeto correu muito bem, mas permaneceu uma gota no oceano. A FAO continuou a procurar dinheiro para fazer projetos, escritos em algumas horas (como foi o caso quando Lula foi eleito no Brasil, de acordo com o Diretor Geral da época, foi decidido que até 31 de dezembro (antes do prazo administrativo e do fechamento do orçamento), em novembro, uma dúzia de projetos relacionados com o slogan "Fome Zero" tinha que ser preparada e aprovada. Conheço amigos que começaram a escrever estes projetos no Natal, e em cinco dias eles foram cozinhados e comidos. Acho que seria melhor colocar um véu sobre a qualidade e a adaptação às realidades locais, bem como o nível de "participação".

 

Os anos se passaram. Eu e aqueles que trabalharam comigo fomos adiante não apenas com as críticas a esta hegemonia cultural "participativa", mas também com as propostas, colocadas de forma simples e clara desde o início dos anos 2000. Falar de negociação e não mais de participação era uma forma de introduzir terminologia do mundo dos negócios, para que ficasse claro que as populações locais, os objetos do "projeto", também estavam defendendo interesses (e direitos) muito concretos, então não era suficiente realizar uma reunião participativa, talvez com metade das mulheres, para dizer que elas eram sensíveis ao gênero e depois tirar uma foto para colocar no jornal. Negociar também significa que um acordo pode ser alcançado, se houver um consenso entre as partes, mas também não. Portanto, já não basta dizer "estamos trazendo um projeto milionário"... é preciso construir empatia, confiança, ouvir sua lógica, sua maneira de ver o mundo e estar preparado para uma possível resposta de "não, obrigado". Mas falar de diálogo e negociação também significa falar de dinâmica de poder, e este é o aspecto que mais assusta, tanto as agências da ONU como os governos, Norte e Sul, e finalmente também as organizações que operam no terreno. 

 

Todas estas entidades preferem fazer o que Berlusconi teria chamado de "teatro" da cooperação. Finja fazer algo estrutural, envie jovens com pouca experiência para fazer seus ossos, escreva algumas histórias tristes e no final tudo permanecerá igual.

 

A questão é que esta hegemonia cultural de participação, mesmo que tenha tido algum contato com o mundo neoliberal, é na verdade o fruto mal compreendido de uma forma de fazer "desenvolvimento" que continua sendo a criança da mesma história colonialista de sempre. Não queremos olhar para dentro de nós mesmos, preferimos exteriorizar sentimentos do tipo católico, de amar uns aos outros, fazer o melhor possível, que é o que fazemos melhor, mas que não toca nem superficialmente as razões deste "subdesenvolvimento". Estudar, compreender, criticar e propor são passos que requerem tempo, esforço e capacidade autocrítica, tudo isso parece estar faltando no Circo Barnum da cooperação.

Cultural hegemony in "development”


The concept of cultural hegemony has been bequeathed to us by Antonio Gramsci, of which he wrote in the Prison Notebooks and which indicates the various forms of cultural "domination" and / or "intellectual and moral direction" by a group or class that is able to impose on other groups, through daily practices and shared beliefs, their views until their internalization, creating the conditions for a complex system of control. (Wikipedia)

 

Below I will present some brief thoughts on the application of this concept in the topic of "development".

 

I think it is possible to consider that the practice of interventions called "development" in the so-called "third world", has been growing since the 80s of the last century, roughly in parallel with the emergence of neoliberal ideology of which the political progenitors were Margaret Thatcher and Ronald Reagan, and the intellectual ones came from little known groups such as the Mont Pelerin Society, which prepared the academic ground that would later flood the world starting with Milton Friedman and his followers in Pinochet's Chile.

 

Their influence on "development" policies and programs was such that, without fear of contradiction, we can say that all (non-governmental) organizations that engaged in "development" were born in opposition to the neoliberal cultural hegemony. At the level of governments, the creation of institutions responsible for "development cooperation" has followed different paths and times, but I think we can say that, for obvious reasons, the opposition to the neoliberal world has always been much more measured. Finally, at the supra-governmental level, United Nations agencies, being the point where national power asymmetries coagulate, have always been affected by the cultural environment in which they bathed, so if at the level of individuals (officials) criticism was (and is) very strong, as one moves up the hierarchical ladder, criticism disappears and is diluted in an institutional rhetoric full of good intentions but with no practical effect.

 

The only real challenge to this cultural hegemony has come from the world of peasant organizations (movements). Exemplary in this sense is the case of Via Campesina, born in the early 80s, in the midst of the rise of neoliberal thinking and influenced (in opposition) by the censorship and restrictions imposed by the military dictatorial governments of many southern countries. Over the years it tried to impose a kind of counterculture based on concepts derived from socialist thought and the ancestral experiences of the peasant peoples they wanted to represent. Having grown over the years to become a sort of international counter-model, it is now suffering from a sort of laxity on the part of the new generations who, even when they have put it on the Olympus of myths, stay away from it in practice, probably because of managerial practices that are still predominantly patriarchal, very reluctant to open up to positions other than the orthodoxy they themselves have defined.

 

In this case we cannot speak of a real hegemony, because in fact their influence in the daily life of development workers has always remained marginal.

 

What I fought against during my years at the FAO was another form of cultural hegemony, which does not want to recognize itself as such, more subtle but which in fact has permeated in a lasting way the way of thinking and therefore of operating, of an important part of the organizations of both the North and the South.

 

The first point that made me think was my encounter (in the 1980s) with some Italian NGOs that were involved in agricultural development, first in Nicaragua and then in the Ivory Coast. They were different organizations, in terms of origin and political orientation, but what they had in common was what I would call an unconscious sense of superiority towards the peasant women and men of the South. It was a mix of superficial empathy evident in the desire to be welcome, but in never going to study in depth the societies in which they wanted to intervene, which would have taken much more time to prepare, which would have perhaps led to questions about the meaning of what "we" wanted to bring to "them." and an unequivocal belief that "we", who came from ancient and still existing peasant societies, and who had "developed" after the second war thanks to mechanization and chemical industry in agriculture, had the answers to their "problems". In other words, without knowing it, these colleagues had internalized without any critical spirit what Arturo Escobar had well detailed in his book The Invention of the Third World - Construction and Deconstruction of Development (which I would read many decades later). Or, seen from another perspective, they re-proposed, with a few variations, the same discourse of "modernization" of agriculture proposed/imposed by the Americans on our European agricultures at the end of the second conflict, based on their mythical "Yeoman Farmer" (https://discover.hubpages.com/politics/Myth-of-the-Yeoman-farmer#:~:text=The%20western%20Yeoman%20did%20not%20have%20particularly%20high,were%20changing%20their%20views%20on%20Agriculture%20in%20society).

 

Over the years I have met other realities, sometimes sincerely more concerned with "understanding" the societies where they were called to operate, but always at a very superficial level. The same can be said for the disproportionate belief in technology coming from the North. Even when these technologies became "appropriate", the question of what the real causes of the problem were was rarely asked beforehand, and whether the request for intervention was an original and genuine demand of those populations or was becoming an administrative practice, a request made by donors, anxious to prove to their taxpayers that the money spent on "development cooperation" was well spent (value for money, as the Anglo-Saxons say, with their rhetoric of the economic, efficient and effective - https://www.oecd.org/development/effectiveness/49652541.pdf).

 

If my criticism of these ways of looking at things came naturally to me right away, much depended on the teachings of my mentor Marcel Mazoyer who, in the Chair of Comparative Agriculture and Agricultural Development at INAP-G, used to start the year by reminding us of two sound principles: the first was that we had to understand what game we wanted to play (il faut savoir à quoi on joue) and the second was to remind us that no one had invited us to set foot in the countries, economies and cultures of the South. It was our choice that, in fact, we imposed on peoples who did not ask us to do so.

 

The sneaky aspect that I have struggled against, and still struggle with, is the rhetoric of participation. I have no doubt that when the proposal for more participatory approaches was introduced (in the 1970s), it was a small revolution that wanted to go against the dimension of undisputed dominance that experts (obviously male and white) had, whose word was gospel and for whom local populations were the receptacles of their directives, without them being recognized as having historical and cultural depth, as well as technical, in short, a concrete base from which to start. Starting to talk about participation was therefore radically different, so much so that the FAO funded for many years a People's Participation Programme that I knew in my first years with the organization.

 

However, a concept, whatever it may be, must evolve over the years, according to the changing realities in which it is called upon to operate, or else it will become obsolete or, worse, be transformed in unwanted directions. This is what has happened with "participation", as the dominant cultural elite has taken possession of it, to the point of emptying it of content, so much so that my old friend Hernan Mora coined the epithet "participulacion", that is, manipulated participation, used to pretend to listen to the opinions, criticisms and proposals of the counterparts with whom one works, without this "listening" making a dent in the predetermined positions of those who lay down the law, donors and/or development operators.

 

The best way to subtly impose the transformation of "participation" into "particupalacion" has been to make it pass the scrutiny of the dominant neoliberal economic creed. A participatory approach takes time, in fact we could say that it is impossible to determine a priori how long it will take to create a feeling of credibility of the foreign person to the community, in the eyes of those who are members of the community, so that a real dialogue between open people will arise. Time is money, and no donor has the "luxury" of spending too much time establishing trust (again, in the name of the rhetoric of the local taxpayer who wants value for money). I experienced this in a project financed by Dutch cooperation with us at FAO in the Kafa region of Ethiopia: the initial project document, rejected by the donor, who then decided not to give the money to the NGO that had prepared it, was written in the capital without ever going to the areas of operation, because they were far away, uncomfortable, it would have taken too long, etc.etc.. 

 

FAO accepted the money and asked me to propose a person to go and take care of the implementation. I proposed a friend, Alberto, with whom I had worked in other countries, a free-range agronomist, who went to install himself in the village from where the operations would be managed. It didn't take long for him to realize that the project document not only had nothing to do with it, but worse still, had created a climate of distrust towards the "foreigners" who wanted to do "development". It took nine months to get everything back on its feet, to create an atmosphere of true cooperation, both with the local authorities (and those who have worked in Ethiopia understand what I'm talking about) and with the communities. The pressures FAO received from the donor were hard to keep up: their concern was the typical donor concern, which was to show that the money given is spent (first and foremost) and then, perhaps, spent well. My FAO bosses rejected the responsibility on me, since I was the one covering Alberto's work on the ground, and since I had broad shoulders (and also a certain reputation), they eventually waited. Once trust was restored, the project went very well, but remained a drop in the bucket. FAO continued to look for money to make projects, perhaps written in a couple of hours (as was the case when Lula was elected in Brazil, in agreement with the Director General of the time, it was decided that by December 31 (before the administrative deadline and the budget was closed), we were in November, a dozen projects related to the slogan "Zero Hunger" had to be prepared and approved. I know friends who started writing these projects at Christmas, and in five days they were cooked and eaten. I think it would be better to draw a veil over the quality and adaptation to local realities, as well as the level of "participation".

 

The years have passed. I, and those who worked with me, went ahead not only with the criticism of this "participatory" cultural hegemony, but also with the proposals, put in a simple and clear way since the early 2000s. Talking about negotiation and no longer about participation was a way of introducing terminology from the business world, so that it would be clear that the local populations, the objects of the "project", were also defending very concrete interests (and rights), so it wasn't enough to have a participatory meeting, maybe with half of the women so they could say they were gender-sensitive and then take a picture to put in the newspaper. Negotiating also means that an agreement can be reached, if there is a consensus of the parties, but also not. So, it's no longer enough to say "we'll bring you a million dollar project"... you have to build empathy, trust, listen to their logic, their ways of seeing the world and be prepared for a possible "no thanks!" response. But talking about dialogue and negotiation also means talking about power dynamics, and this is the aspect that scares us the most, both the UN agencies and the governments, North and South, and finally also the organizations operating on the ground. 

 

All these entities prefer to do what Berlusconi would have called the "theater" of cooperation. Pretending to do something structural, sending young people with little experience to make their bones, writing stories from the ground up and, in the end, everything remains the same as before.

 

The point is that this cultural hegemony of participation, even if it has had some contact with the neo-liberal world, is actually the unintended result of a way of doing "development" that remains the child of the same colonialist history as always. We don't want to look inside ourselves, we prefer to externalize catholic sentiments, of "let's love each other, I'm doing my best", which is what we do best, but which doesn't even superficially touch the reasons for this "underdevelopment". Studying, understanding, criticizing and proposing are all steps that require time, efforts of will and self-critical skills, everything that seems to be missing in the Barnum of cooperation.

2022 L24: Jean Failler - Boucaille sur Douarnenez



Palémon Editions 2003

Quand, en hiver, on découvre dans une mansarde une personne âgée morte de froid, personne ne s'en étonne. Mais quand ladite mansarde contient quatre cadavre de vieillards victimes des basses températures, on peut s'interroger sur les véritables raisons de ces décès. Or, quand la police est aux prises avec l'insolite dans un coin de Bretagne, on ne tarde pas à voir paraître Mary Lester. Cette fois, elle est accueillie comme le Messie par le commissaire Colin. Pensez donc, le Mardi-gras commence, et jamais le vieux patron de la police douarneniste n'a manqué le rendez-vous des masques. Mary va devoir mener son enquête au cour d'une bacchanale de quatre jours, dans un monde insolite et déroutant, peuplé de masques parfois mal intentionnés.

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Palloso! Metto qui il commento di un lettore francese col quale mi trovo in perfetto accordo:

"Boucaille, synonyme de temps gris, mer grise, absence de vent, de souffle … telle est bien la couleur du récit. La 4e de couverture en dit trop déjà puisqu'elle annonce la mort de froid de quatre vieillards … cause de la mort qui ne sera ‘officiellement' donnée par l'enquête à la page 121 ! le lecteur se trouve en présence d'une énigme qui n'avance qu'à coups de dialogues poussifs et de descriptions aussi ternes que peu utiles au récit. Tout devient poussif, jusqu'à l'étonnement répété de Mary Lester face aux spécificités de Douarnenez alors, qu'on le sait, elle provient de pas très loin et ne peut ignorer à ce point les us et coutumes de l'endroit, elle qui se revendique petite-fille de marin pécheur !

Entre fadeur et faiblesses d'intrigue, surabondance de détails quant au passé perdu de la grande époque de la sardine bretonne et carnaval de Douarnenez durant lequel la Mary Lester adopte des postures de Rambo, peu crédibles avec le personnage et les convenances à respecter lors d'une enquête… le lecteur que j'ai été s'ennuie et se réjouit à chaque page du fait que le livre ne soit pas trop long ! "

La hegemonía cultural en el "desarrollo

 

El concepto de hegemonía cultural nos fue legado por Antonio Gramsci, sobre el que escribió en sus Quaderni dal carcere. Indica las diversas formas de "dominación" cultural y/o de "dirección intelectual y moral" por parte de un grupo o clase que es capaz de imponer sus puntos de vista a otros grupos, a través de prácticas cotidianas y creencias compartidas, hasta que se interiorizan, creando las condiciones para un complejo sistema de control. (Wikipedia)

 

A continuación, presentaré unas breves reflexiones sobre la aplicación de este concepto en el tema del "desarrollo".

 

Creo que se puede considerar que la práctica de las llamadas intervenciones de "desarrollo" en el llamado "tercer mundo" ha ido creciendo desde los años 80, más o menos en paralelo con el auge de la ideología neoliberal cuyos progenitores políticos fueron Margaret Thatcher y Ronald Reagan, y los intelectuales vinieron de grupos poco conocidos como la Sociedad Mont Pelerin, que prepararon el terreno académico que luego inundaría el mundo a partir de Milton Friedman y sus seguidores en el Chile de Pinochet.

 

Su influencia en las políticas y programas de "desarrollo" fue tal que, sin temor a equivocarnos, podemos decir que todas las organizaciones (no gubernamentales) dedicadas al "desarrollo" nacieron en oposición a la hegemonía cultural neoliberal. A nivel de los gobiernos, la creación de instituciones encargadas de la "cooperación al desarrollo" ha seguido caminos y tiempos diferentes, pero creo que podemos decir que, por razones obvias, la oposición al mundo neoliberal ha sido siempre mucho más comedida. Por último, en el plano supragubernamental, los organismos de las Naciones Unidas, al ser el punto en el que recaen las asimetrías de poder nacionales, se han visto siempre afectados por el entorno cultural en el que se bañaban, de modo que si a nivel de individuos (funcionarios) la crítica era (y es) muy fuerte, a medida que se asciende en la escala jerárquica, la crítica desaparece para diluirse en una retórica institucional llena de buenas intenciones pero sin efectos en la práctica.

 

El único desafío real a esta hegemonía cultural ha venido del mundo de las organizaciones (movimientos) campesinas. Ejemplar en este sentido es el caso de Vía Campesina, nacida a principios de los años 80, en pleno auge del pensamiento neoliberal e influenciada (en contra) por la censura y las restricciones impuestas por los gobiernos dictatoriales militares de muchos países del sur. A lo largo de los años trató de imponer una especie de contracultura basada en conceptos derivados del pensamiento socialista y de las experiencias ancestrales de los pueblos campesinos que querían representar. Tras haber crecido con los años hasta convertirse en una especie de contramodelo internacional, ahora sufre una especie de laxitud por parte de las nuevas generaciones que, aun habiéndola situado en el Olimpo de los mitos, se mantienen alejadas de ella en la práctica, probablemente por unas prácticas de gestión todavía predominantemente patriarcales, muy reacias a abrirse a posturas distintas de la ortodoxia que ellas mismas definen.

 

En este caso no se puede hablar de una verdadera hegemonía, porque su influencia en la vida cotidiana de los cooperantes siempre ha sido marginal.

 

Contra lo que luché durante mis años en la FAO fue contra otra forma de hegemonía cultural, que no quiere reconocerse como tal, que es más sutil pero que, de hecho, ha impregnado de forma duradera el modo de pensar y, por tanto, el modo de actuar de una parte importante de las organizaciones tanto del Norte como del Sur.

 

Lo primero que me hizo pensar fue conocer (en los años 80) a algunas ONG italianas que se dedicaban al desarrollo agrícola, primero en Nicaragua y luego en Costa de Marfil. Eran organizaciones diferentes, en cuanto a su origen y orientación política, pero lo que tenían en común era lo que yo llamaría un sentido inconsciente de superioridad hacia las campesinas y los campesinos del Sur. Era una mezcla de empatía superficial evidente en el deseo de ser bienvenidos, pero en no ir nunca a estudiar en profundidad las sociedades en las que querían intervenir, lo que habría llevado mucho más tiempo de preparación, lo que quizás habría llevado a cuestionar el significado de lo que "nosotros" queríamos aportar a "ellos", y la creencia inequívoca de que "nosotros", que procedemos de sociedades campesinas antiguas y aún existentes, y que nos hemos "desarrollado" después de la Segunda Guerra Mundial mediante la mecanización y la industria química en la agricultura, tenemos las respuestas a sus "problemas". En otras palabras, sin saberlo, estos colegas habían interiorizado sin ningún espíritu crítico lo que Arturo Escobar tenía bien detallado en su libro La invención del tercer mundo - Construcción y deconstrucción del desarrollo (que yo leería muchas décadas después). O, visto desde otra perspectiva, volvieron a proponer, con algunas variantes, el mismo discurso de "modernización" de la agricultura propuesto/impuesto por los estadounidenses a nuestra agricultura europea al final de la Segunda Guerra Mundial, sobre la base de su mítico "Yeoman Farmer" (https://discover.hubpages.com/politics/Myth-of-the-Yeoman-farmer#:~:text=El%20occidental%20de%20no%20tenía%20particularmente%20alto, estaban%20cambiando%20sus%20visiones%20sobre%20laAgricultura%20en%20la%20sociedad).

 

A lo largo de los años he conocido a otros/as, a veces sinceramente más preocupados/as por "comprender" las sociedades en las que estaban llamados a actuar, pero siempre a un nivel muy superficial. Lo mismo ocurre con la exagerada creencia en la tecnología que viene del norte. Incluso cuando estas tecnologías se convirtieron en "apropiadas", rara vez se preguntó, a priori, cuáles eran las verdaderas causas del problema en cuestión, y si la solicitud de intervención era una demanda original y genuina de esas poblaciones, o si se estaba convirtiendo en una práctica administrativa, una solicitud hecha por los donantes, ansiosos por demostrar a sus contribuyentes que el dinero gastado en "cooperación al desarrollo" estaba bien gastado (value for money, como dicen los anglosajones, con su retórica de lo económico, eficiente y eficaz - https://www.oecd.org/development/effectiveness/49652541.pdf).

 

Si mi crítica a estas formas de ver las cosas fue espontánea desde el principio, mucho dependía de las enseñanzas de mi mentor Marcel Mazoyer, quien, en la Cátedra de Agricultura Comparada y Desarrollo Agrícola del INAP-G, solía empezar el año recordándonos dos sólidos principios: el primero era que teníamos que entender a qué juego queríamos jugar, (il faut savoir à quoi on joue) y el segundo era recordarnos que nadie nos había invitado a poner un pie en los países, las economías y las culturas del Sur. Era nuestra elección y la imponíamos a personas que no nos lo pedían.

 

El aspecto insidioso contra el que luché, y sigo luchando, es la retórica de la participación. No me cabe duda de que cuando se introdujo la propuesta de enfoques más participativos (en los años 70) fue una pequeña revolución que quería ir en contra de la dimensión de dominio indiscutible que tenían los expertos (obviamente masculinos y blancos), cuya palabra era el evangelio y para quienes las poblaciones locales eran los receptores de sus directrices, sin que se les reconociera una profundidad histórica y cultural, además de técnica, en definitiva, una base concreta de la que partir. Empezar a hablar de participación era, por tanto, algo radicalmente distinto, hasta el punto de que la FAO financió durante muchos años un programa sobre la participación de los campesinos (People's Participation Programme) que conocí en mis primeros años en la organización.

 

Sin embargo, un concepto, cualquiera que sea, debe evolucionar a lo largo de los años, de acuerdo con las realidades cambiantes en las que está llamado a operar, o de lo contrario quedará obsoleto o, peor aún, cambiará en direcciones no deseadas. Esto es lo que ha sucedido con la "participación", ya que la élite cultural dominante se ha apoderado de ella, hasta vaciarla de contenido, tanto que mi viejo amigo Hernán Mora acuñó el epíteto de "participulación", o participación manipulada, utilizada para pretender escuchar las opiniones, críticas y propuestas de las contrapartes con las que se trabaja, sin que esta "escucha" haga mella en las posiciones predeterminadas de quienes dictan la ley, los donantes y/o los operadores del desarrollo.

 

La mejor manera de imponer sutilmente la transformación de "participación" en "particupación" ha sido hacerla pasar por el escrutinio del credo económico neoliberal dominante. Un enfoque participativo lleva tiempo, de hecho podríamos decir que es imposible determinar a priori cuánto tiempo se necesitará para crear un sentimiento de credibilidad de la persona extranjera en la comunidad, a los ojos de quienes son miembros de la misma, para que surja un verdadero diálogo entre personas de mente abierta. El tiempo es dinero, y ningún donante puede permitirse el "lujo" de dedicar demasiado tiempo a establecer un clima de confianza (siempre en nombre de la retórica del contribuyente local que quiere una buena relación calidad-precio). Lo viví en un proyecto financiado por la cooperación holandesa con nosotros en la FAO en la región de Kafa, en Etiopía: el documento inicial del proyecto, rechazado por el donante, que luego decidió no dar el dinero a la ONG que lo había elaborado, se había redactado en la capital sin ir nunca a las zonas de actuación, porque estaban lejos, eran incómodas, habría llevado demasiado tiempo, etc. etc. 

 

La FAO aceptó el dinero y me pidió que propusiera a una persona para que se encargara de la ejecución. Propuse a un amigo, Alberto, con el que había trabajado en otros países, un agrónomo libre, que fue a instalarse en el pueblo desde donde se gestionarían las operaciones. No tardó en darse cuenta de que el documento del proyecto no sólo no tenía nada que ver, sino que, peor aún, había creado un clima de desconfianza hacia los "extranjeros" que querían hacer "desarrollo". Se necesitaron nueve meses para que todo volviera a su cauce, para crear un ambiente de verdadera cooperación, tanto con las autoridades locales (y cualquiera que haya trabajado en Etiopía entiende de lo que hablo) como con las comunidades. La presión que recibía la FAO por parte del donante era difícil de mantener: su preocupación era la típica de los donantes, es decir, demostrar que el dinero que se da se gasta (en primer lugar) y luego quizás se gasta bien. Mis jefes de la FAO rechazaron que la responsabilidad recayera sobre mí, ya que era yo quien cubría el trabajo de Alberto sobre el terreno, y como tenía las espaldas anchas (y cierta reputación), acabaron por esperar. Una vez restablecida la confianza, el proyecto fue muy bien, pero siguió siendo una gota en el océano. La FAO siguió buscando dinero para hacer proyectos, redactados en un par de horas (como ocurrió cuando Lula fue elegido en Brasil, de acuerdo con el Director General de la época, se decidió que antes del 31 de diciembre (antes del plazo administrativo y del cierre del presupuesto), estábamos en noviembre, había que preparar y aprobar una docena de proyectos relacionados con el lema "Hambre Cero". Conozco amigos que empezaron a escribir estos proyectos en Navidad, y en cinco días estaban cocinados y comidos. Creo que sería mejor correr un velo sobre la calidad y la adaptación a las realidades locales, así como el nivel de "participación".

 

Los años han pasado. Yo y los que trabajaron conmigo seguimos adelante no sólo con la crítica a esta hegemonía cultural "participativa", sino también con las propuestas, planteadas de forma sencilla y clara desde principios de los años 2000. Hablar de negociación y no ya de participación era una forma de introducir terminología del mundo empresarial, para que quedara claro que las poblaciones locales, objeto del "proyecto", también defendían intereses (y derechos) muy concretos, por lo que no bastaba con hacer una reunión participativa, tal vez con la mitad de las mujeres para decir que se tenía en cuenta la perspectiva de género y luego hacer una foto para ponerla en el periódico. La negociación también significa que se puede llegar a un acuerdo, si hay consenso entre las partes, pero también no. Así que ya no basta con decir "te traemos un proyecto millonario"... hay que crear empatía, confianza, escuchar su lógica, su forma de ver el mundo y estar preparados para un posible "¡no, gracias!" como respuesta. Pero hablar de diálogo y negociación significa también hablar de dinámicas de poder, y este es el aspecto que más asusta, tanto a las agencias de la ONU como a los gobiernos, del Norte y del Sur, y finalmente también a las organizaciones que operan sobre el terreno. 

 

Todas estas entidades prefieren hacer lo que Berlusconi habría llamado el "teatro" de la cooperación. Pretender hacer algo estructural, mandar a gente joven con poca experiencia a hacer sus pinitos, escribir algunas historias tristes y al final todo sigue igual.

 

La cuestión es que esta hegemonía cultural de la participación, aunque haya tenido algún contacto con el mundo neoliberal, es en realidad el fruto mal entendido de una forma de hacer "desarrollo" que sigue siendo hija de la misma historia colonialista de siempre. No queremos mirar dentro de nosotros mismos, preferimos exteriorizar sentimientos de tipo católico, de amistad y amor universal, de hacer lo mejor, que es lo que mejor hacemos, pero que no toca ni siquiera superficialmente las razones de este "subdesarrollo". Estudiar, comprender, criticar y proponer son pasos que requieren tiempo, esfuerzo y capacidad de autocrítica, todo lo cual parece faltar en el Barnum de la cooperación.

giovedì 28 aprile 2022

Egemonia culturale nello “sviluppo”

(a giorni seguiranno traduzioni in altre lingue)
 

Il concetto di egemonia culturale ci è stato lasciato in eredità dal buon Antonio Gramsci, di cui ha scritto nei quaderni dal carcere e che indica le varie forme di «dominio» culturale e/o di «direzione intellettuale e morale» da parte di un gruppo o di una classe che sia in grado di imporre ad altri gruppi, attraverso pratiche quotidiane e credenze condivise, i propri punti di vista fino alla loro interiorizzazione, creando i presupposti per un complesso sistema di controllo. (Wikipedia)

 

Di seguito presenterò alcune brevi riflessioni sull’applicazione di questo concetto nel tema dello “sviluppo”.

 

Credo sia possibile considerare che la pratica di interventi detti di “sviluppo” nel cosiddetto “terzo mondo”, sia andata crescendo a partire dagli anni 80 del secolo scorso, grosso modo in parallelo con l’affermarsi dell’ideologia neoliberista di cui i capostipiti politici erano Margaret Thatcher e Ronald Reagan, e quelli intellettuali provenivano da gruppi poco conosciuti come il Mont Pelerin Society, che prepararono il terreno universitario che avrebbe poi inondato il mondo a partire da Milton Friedman e i suoi seguaci nel Cile di Pinochet.

 

La loro influenza su politiche e programmi di “sviluppo” fu tale che, senza tema di smentita, possiamo dire che tutte le organizzazioni (non governative) che si sono impegnate nello “sviluppo” sono nate in opposizione all’egemonia culturale neoliberale. A livello di governi, la creazione di istituzioni responsabili della “cooperazione allo sviluppo” ha seguito strade e tempi diversi, ma penso si possa dire che, per ovvie ragioni, l’opposizione al mondo neoliberale è sempre stata molto più misurata. Finalmente, a livello supra-governativo, agenzie delle Nazioni unite, essendo queste il punto di caduta delle asimmetrie di potere nazionali, di fatto hanno sempre risentito dell’ambiente culturale nel quale bagnavano, per cui se a livello di individui (funzionari/e) le critiche erano (e sono) molto forti, mano a mano che si sale nella scala gerarchica, le critiche spariscono per diluirsi in una retorica istituzionale piena di buone intenzioni ma senza effetti pratici nel concreto.

 

L’unica vera sfida a questa egemonia culturale è venuta dal mondo delle organizzazioni (movimenti) contadini. Esemplare in questo senso il caso della Via Campesina, nata ai primi anni 80, nel pieno dell’ascesa del pensiero neoliberale e influenzata (in opposizione) dalle censure e restrizioni che i governi dittatoriali militari di molti paesi del Sud. Negli anni ha cercato di imporre una specie di controcultura basata su concetti derivati dal pensiero socialista e dalle esperienze ancestrali dei popoli contadini che volevano rappresentare. Cresciuta negli anni fino a diventare una specie di contro modello internazionale, sta scontando ora una specie di lassitudine da parte delle nuove generazioni che, anche quando l’hanno messa nell’olimpo dei miti, se ne stanno alla larga nella pratica, probabilmente a causa di pratiche dirigiste ancor oggi prevalentemente patriarcali, molto restie all’apertura verso posizioni diverse dall’ortodossia da loro stesse definita.

 

In questo caso non possiamo parlare di una vera e propria egemonia, perché di fatto la loro influenza nel quotidiano degli/delle operatori/operatrici dello sviluppo, e sempre rimasta marginale.

 

Quella contro cui ho combattuto durante i miei anni alla FAO è stata un’altra forma di egemonia culturale, che non vuole riconoscersi come tale, più subdola ma che di fatto ha permeato in maniera durevole il modo di pensare e quindi di operare, di una parte importante delle organizzazioni tanto del nord come del Sud.

 

Il primo punto che mi ha fatto pensare, è stato l’incontro (negli anni ottanta) con alcune Ong italiane che si occupavano di sviluppo agricolo, in Nicaragua prima e in Costa d’Avorio dopo, negli anni ottanta. Erano organizzazioni diverse, per origine e orientamento politico, ma in comune avevano quello che chiamerei un senso incosciente di superiorità nei confronti delle contadine e contadini del Sud. Si trattava di un mix di empatia superficiale evidente nella voglia di essere ben accetti, ma nel non andare mai a studiare in profondità le società nelle quali si voleva intervenire, cosa che avrebbe richiesto molto più tempo per prepararsi, che avrebbe magari portato ad interrogarsi sul senso di quello che “noi” volevamo portare a “loro”, e di una credenza inequivocabile che “noi”, che provenivamo da antiche e ancora esistenti società contadine, e che ci eravamo “sviluppati” dopo la seconda guerra grazie alla meccanizzazione e all’industria chimica nell’agricoltura, avevamo le risposte ai loro “problemi”. In altre parole, senza saperlo, questi colleghi avevano interiorizzato senza alcun spirito critico quello che Arturo Escobar aveva ben dettagliato nel suo libro L’invenzione del terzo mondo – costruzione e decostruzione dello sviluppo (che avrei letto molti decenni dopo). Oppure, visto in un’altra ottica, riproponevano con poche varianti, lo stesso discorso di “modernizzazione” dell’agricoltura proposto/imposto dagli americani alle nostre agricolture europee alla fine del secondo conflitto, sulla base del loro mitico “Yeoman Farmer” (https://discover.hubpages.com/politics/Myth-of-the-Yeoman-farmer#:~:text=The%20western%20Yeoman%20did%20not%20have%20particularly%20high,were%20changing%20their%20views%20on%20Agriculture%20in%20society.)

 

Negli anni ho incontrato altre realtà, a volte sinceramente più preoccupate di “capire” le società dove erano chiamate ad operare, ma sempre a un livello molto superficiale. Lo stesso dicasi per il credo smisurato nella tecnologia che veniva dal nord. Anche quando queste tecnologie diventavano “appropriate”, raramente ci si poneva, a priori, la domanda su quali fossero le cause reali del problema che si aveva di fronte e se la richiesta di intervento era una domanda originaria e genuina di quelle popolazioni oppure stava diventando una pratica di tipo amministrativo, una richiesta che facevano i donatori, ansiosi di dimostrare ai loro taxpayersche i soldi spesi nella “cooperazione allo sviluppo” erano ben spesi (value for money, come dicono gli anglosassoni, con la loro retorica dell’economico, efficiente ed effettivo - https://www.oecd.org/development/effectiveness/49652541.pdf).

 

Se la mia critica a questi modi di vedere mi era venuta spontanea fin da subito, molto è dipeso dagli insegnamenti del mio mentore Marcel Mazoyer che, nella cattedra di Agricoltura comparata e sviluppo agricolo dell’INAP-G, era abituato ad iniziare l’anno ricordandoci due sani principi: il primo era quello che bisognava capire a che gioco volevamo giocare, (il faut savoir à quoi on joue) e il secondo che era di ricordarci che nessuno ci aveva invitato a metter piede nei paesi, nelle economie e nelle culture del Sud. Era una scelta nostra che, nei fatti, imponevamo a popoli che non ce lo chiedevano.

 

L’aspetto subdolo contro il quale ho lottato, e lotto ancora, è quello della retorica della partecipazione. Non ho nessun dubbio che quando venne introdotta (negli anni 70 del secolo scorso) la proposta per approcci più partecipativi si trattasse di una piccola rivoluzione che voleva proprio andare contro quella dimensione di dominio indiscusso che avevano gli esperti (ovviamente maschi e bianchi) la cui parola era vangelo e per i quali le popolazioni locali erano i ricettacoli delle loro direttive, senza che fosse loro riconosciuto una profondità storica e culturale, nonché tecnica, insomma una base concreta dalla quale partire. Cominciare a parlare di partecipazione era quindi radicalmente diverso, tanto che alla FAO venne finanziato per molti anni un programma sulla partecipazione della gente contadina (People’s Participation Programme) che io conobbi nei miei primi anni con l’organizzazione.

 

Un concetto però, quale che esso sia, deve evolvere negli anni, in funzione delle mutevoli realtà dove è chiamato ad operare, pena la sua obsolescenza o, peggio, la sua trasformazione in direzioni non volute. Questo è quanto è accaduto con la “partecipazione”, a mano a mano che l’elite culturale dominante se n’è impadronita, fino a svuotarlo di contenuto, tanto che il mio vecchio amico Hernan Mora ha coniato l’epiteto di “participulacion”, cioè di partecipazione manipolata, usata per far finta di ascoltare le opinioni, critiche e proposte delle controparti con cui si lavora, senza però che questo “ascolto” scalfisca di un millimetro le posizioni predeterminate da parte di chi detta legge, i donatori e/o gli operatori dello sviluppo.

 

Il modo migliore per imporre subdolamente la trasformazione della “partecipzione” in “particupalacion” è stato quello di farla passare al vaglio del credo economico neoliberale dominante. Un approccio partecipativo richiede tempo, di fatto potremmo dire che è impossibile determinare a priori quanto tempo ci vorrà per creare un sentimento di credibilità della persona straniera alla comunità, negli occhi di chi è membro della comunità, in modo da far sì che nasca un vero dialogo fra persone aperte. Il tempo è denaro, e nessun donatore può permettersi il “lusso” di dedicare troppo tempo all’instaurazione di un clima di fiducia (sempre in nome della retorica del taxpayer nostrano che vuole value for money). Io l’ho sperimentato in un progetto finanziato dalla cooperazione olandese con noi della FAO nella regione di Kafa in Etiopia: il documento di progetto iniziale, rigettato dal donatore, che poi aveva deciso di non dare i soldi alla Ong che lo aveva preparato, era stato scritto nella capitale senza mai andare nelle zone di operazione, questo perché erano lontane, scomode, ci sarebbe voluto troppo tempo etc.etc.. 

 

La FAO accettò i soldi e chiese a me di proporre una persona per andare ad occuparsi della messa in pratica. Proposi un amico, Alberto, col quale avevo lavorato in altri paesi, un agronomo ruspante, che andò ad installarsi nel villaggio da dove si sarebbero gestite le operazioni. Ci volle poco perché si rendesse conto che il documento di progetto non solo non c’entrava nulla, ma peggio ancora aveva creato un clima di sfiducia nei confronti degli “stranieri” che volevano fare “sviluppo”. Ci vollero nove mesi per rimettere in piedi il tutto, creare un’atmosfera di vera cooperazione, sia con le autorità locali (e chi ha lavorato in Etiopia capisce di cosa parlo) che con le comunità. Le pressioni che la FAO riceveva dal donante erano difficili da tenere: la loro preoccupazione era quella tipica dei donatori, cioè mostrare che i soldi dati sono spesi (innanzitutto) e poi, magari, spesi bene. I miei capi FAO rigettavano la responsabilità su di me, dato che ero io a coprire il lavoro di Alberto sul terreno, e siccome avevo le spalle larghe (ed anche una certa reputazione), alla fine aspettarono. Una volta che il clima di fiducia venne ristabilito, il progetto andò benissimo, ma rimase una goccia nel deserto. La FAO continuando a cercare soldi per fare progetti, scritti magari in un paio d’ore (come fu il caso quando venne eletto Lula in Brasile, d’accordo col direttore generale dell’epoca, fu deciso che entro il 31 dicembre (prima della scadenza amministrativa e che si chiudesse il budget), eravamo a novembre, una decina di progetti legati allo slogan “Fame Zero”, dovevano essere preparati ed approvati. Conosco amici che si misero a scrivere questi progetti a Natale, e in cinque giorni vennero cotti e mangiati. Sulla qualità e sulla loro adeguazione alle realtà locali, nonché al livello di “partecipazione”, credo dia meglio stendere un velo pietoso.

 

Gli anni son passati. Io e chi ha lavorato con me, siamo andati avanti non solo nella critica a questa egemonia culturale “partecipativa”, ma anche con le proposte, messe in modo semplice e chiaro fin dai primi anni 2000. Parlare di negoziazione e non più di partecipazione, era un modo per introdurre una terminologia proveniente dal mondo degli affari, così che fosse chiaro che anche le popolazioni locali, oggetti del “progetto”, difendevano interessi (e diritti) molto concreti, per cui non bastava fare una riunione partecipata, magari con la metà di donne così da dire di essere gender-sensitive e poi fare una foto da mettere sul giornale. Negoziare vuol anche dire che si può arrivare ad un accordo, se c’è il consenso delle parti, ma anche no. Per cui non basta più dire “vi portiamo un progetto di milioni di dollari”… bisogna costruire una empatia, una fiducia, ascoltare le loro logiche, i loro modi di vedere il mondo ed essere preparati a una eventuale risposta del tipo “no grazie!”. Ma parlare di dialogo e negoziazione vuol dire anche parlare di dinamiche di potere, e questo è l’aspetto che più fa paura, sia alle agenzie ONU, sia ai governi, del Nord come del Sud, e infine anche alle organizzazioni che operano sul terreno. 

 

Tutte queste entità preferiscono fare quello che Berlusconi avrebbe chiamato il “teatrino” della cooperazione. Far finta di fare qualcosa di strutturale, mandare giovani con poca esperienza a farsi le ossa, scrivere delle storie dal terreno strappalacrime e alla fine tutto resta uguale a prima.

 

Il punto è che questa egemonia culturale della partecipazione, anche se ha avuto dei contatti col mondo neoliberale, in realtà è frutto non capito di un modo di fare “sviluppo” che resta figlio della stessa storia colonialista di sempre. Non vogliamo guardarci dentro, preferiamo esteriorizzare sentimenti di tipo cattolico, del vogliamoci bene, faccio del mio meglio, che è quanto ci riesce meglio, ma che non tocca nemmeno superficialmente le ragioni di questo “sottosviluppo”. Studiare, capire, criticare e proporre, sono tutte tappe che richiedono tempo, sforzi di volontà e capacità autocritiche, tutto quello che sembra mancare nel Barnum della cooperazione. 

 

 

 

 

 

venerdì 22 aprile 2022

Guerra in Ucraina, sinistre italiane e l’internazionalismo a scarto ridotto


Quando ero piccolo, dato che avevo fratelli più grandi e di “sinistra”, mi capitava spesso di sentir parlare di popoli in lotta di cui non sapevo quasi nulla e della necessità di mostrarsi interessati e a favore di queste lotte di liberazione e dei poveri del Sud del mondo. Non credo essere stato l’unico bambino che rimase colpito dalla guerra del Biafra di cui la maestra ci parlò nella classe di quinta elementare che frequentavo a Vicenza. Chissà dov’era questo Biafra, e chissà chi era questo U Tant di cui sentivo parlare per la prima volta.

 

Più grande, ho cominciato a comprare libri su queste lotte lontane, tipo quella del Vietnam, o leggere Stella Rossa sulla Cina e insomma anch’io mi sentivo parte di quella sinistra che solidarizzava con i poveri del terzo mondo. Avevo delle difficoltà a capire come mai, a casa nostra, ci fossero così tanti gruppi e gruppetti che si dicevano tutti di sinistra, ma che mostravano un astio tremendo uno nei confronti dell’altro: Lotta Continua, Potere Operaio, Lotta Comunista e tanti altri ancora più piccoli.

 

Da grande sono andato a lavorare sui temi della povertà, agricola, e in tanti paesi dei vari Sud del mondo. Quindi è naturale per me pensare “oltre i confini …” come ricordava il nome del nostro gruppetto vicentino dei primi anni ottanta. Ancora adesso, quando mi capita di partecipare a discussioni con persone della mia età o più grandi, sulla questione delle guerre e di quella in Ucraina in particolare, discussioni che dovrebbero servirci a darci delle indicazioni su cosa potremmo fare per aiutare non solo a capire ma anche a formare le nuove generazioni, alla luce di un rapporto non più di dominazione dell’uomo sulla natura, scopro con stupore quanto quel famoso impegno “internazionalista” sia rimasto in fondo ai cassetti della credenza. 

 

Capisco, e condivido, l’interesse per quello che sta succedendo in Ucraina. Personalmente sono ultra favorevole all’invio di armi per aiutare la resistenza ucraina e cercare di arrivare, come diceva Erri de Luca ieri sera, a una situazione di stallo, tale per cui anche il dittatore russo sia obbligato a tornare a sedersi a un tavolo negoziale. Sono a favore delle sanzioni, ma non credo basteranno. Lui capisce solo il linguaggio della forza, per cui se vogliamo farci capire e discutere di un futuro di pace, mi pare che il passaggio dalla resistenza armata sia fondamentale.

 

Ma non è questo il problema principale. Come ho provato a ricordare agli amici e amiche, pochi giorni fa il direttore generale dell’OMS, Tedros Ghebreyesus, pur condannando la guerra di invasione russa in Ucraina e annunciando le ulteriori misure dell’Oms per assistere i profughi e la sanità ucraina, ha ricordato che esiste una frustrazione di molti nei Paesi in via di sviluppo per il fatto che le guerre in atto in altre parti del mondo, non ricevano la stessa attenzione a livello internazionale: ci sono profughi di serie A e altri di serie B ha detto in sostanza.

 

Le votazioni all’ONU confermano che il mondo nord-occidentale si sta restringendo e che sempre più paesi dichiarano un malessere di fondo per il fatto che gli altri conflitti sembrano non interessare nessuno. La prova del nove riguarda lo Yemen, con una guerra che in questi sette anni ha fatto un po’ meno di 400 mila vittime.


La maggior parte di questi conflitti ha lo stesso sottofondo, cioè l’appropriazione delle risorse naturali di vario tipo che sono disponibili nelle terre “altrui”. Che si tratti di terra, acqua, risorse minerarie o metalli rari, alla fine della storia troviamo sempre una popolazione i cui diritti vengono calpestati (cosa non nuova in generale), maltrattata, uccisa e, per chi salva la pelle, costretta a fuggire entrando nella crescente categoria dei Displaced Peoples.


La voglia di appropriarsi delle risorse degli altri è vecchia come il mondo, e nel tempo ha imparato a mascherarsi dietro parvenze “moderne”, tipo promuovere lo sviluppo, locale e internazionale, così che il furto diventi un “partenariato” liberamente scelto. Questo per quanto riguarda la faccia pubblica, dove anche parecchie nostre imprese partecipano allegramente. Al piano di sotto, abbiamo quegli attori che hanno fretta di appropriarsi, per cui l’uso della violenza indiscriminata è il loro pane quotidiano. Tra questi abbiamo anche governi dei paesi sviluppati, come è il caso della Russia con i suoi mercenari Wagner, oppure l’industria bellica americana che foraggia le guerre di “indipendenza” (penso al Sudan del Sud) al solo scopo di metter le mani sulle risorse locali. Ma potrei ricordare anche le nostre politiche europee “verdi”, che portano a coltivare colture per agro-carburanti al Sud, togliendo la terra alle comunità locali al solo scopo di rendere più verde la benzina che circola nelle nostre vetture, oppure la nostra Politica Agricola Comune che ha molto contribuito allo smantellamento delle agricolture contadine africane come ho potuto constatare di persona nell’altopiano dell’Angola centrale nei primi anni 2000.  A questa lista, che non ha colore politico, aggiungerei, per chi avesse meno memoria, anche i mega programmi tipo il Pro-Savana, promosso dal Brasile di Lula nel Mozambico al solo scopo di produrre soia per i mercati asiatici, dichiarando che si trattava di un programma di sicurezza alimentare mentre nello stesso tempo i diritti legali delle comunità locali non venivano rispettati. 


In mezzo a tutto questo abbiamo il crescente numero di conflitti tra contadini e pastori, dove la questione climatica (e demografica, vedi Nigeria) giocano un ruolo importante e sui quali, spesso, si è stesa una patina religiosa islamista per aggiungere benzina sul fuoco.


Insomma, il nostro mondo vive in mezzo a conflitti da sempre, solo noi europei ci siamo inventati la storiella che dalla fine della seconda guerra abbiamo avuto un periodo di pace ininterrotto di 60-70 o più anni. La nostra bolla era già scoppiata al momento della guerra nella ex-Jugoslavia, sulla quale portiamo pesanti responsabilità noi europei occidentali. Ma non è stata sufficiente. Forse adesso con l’invasione russa, che se non viene fermata sarà solo la prima di una lunga serie, ci sveglieremo anche noi e cominceremo a riflettere. 


Il punto però, a mio giudizio, non può essere limitato all’Ucraina, anche per il solo fatto che la Bosnia si sta preparando ad esplodere grazie alla minoranza serba che sta sobillando una nuova guerra (che certo Putin non si priverà di appoggiare). Quindi, se vogliamo essere ciechi, pensiamo alla guerra in Ucraina e basta, ma secondo me dovremmo fare uno sforzo per capire quali siano le dinamiche mondiali in corso, altrimenti il nostro desiderio di contribuire a fare qualcosa di concreto per chi ci sta intorno e per le nuove generazioni, resterà un pio desiderio e basta. 


La corsa di questi giorni ad aiutare i profughi ucraini è molto lodevole, molto meno lo è l’abbandono dei profughi “altri”, che non passano le frontiere. Resta che, se vogliamo fare qualcosa di diverso dalla carità cristiana, dovremmo cercare di capire quali siano le cause concrete (qualcosa che vada al di là del “sistema capitalista e finanziario” da abbattere) e vedere cosa possiamo fare noi, per influenzare politiche, legislazioni, iniziative che vadano a toccare i gangli del sistema. Siccome come Italia noi siamo parte del problema, attraverso le nostre ditte che si accaparrano le risorse del Sud (tipo ENI), attraverso il nostro appoggio governamentale a una PAC che ha contribuito a distruggere le agricolture contadine del Sud, attraverso la mancanza di iniziative reali a livello delle nazioni unite e via discorrendo, dovremmo rimboccarci le maniche, studiare e prepararci a fare qualcosa che serva in questo scenario. 

 

Non parlo nemmeno di quello che resta la base di questo mondo attuale, un patriarcato dove gli uomini, superiori non solo alla natura ma a tutto il resto, regolano le loro dispute a colpi di cannone. La lotta per cambiare i rapporti di potere tra uomini e donne, nella sfera privata più ancora che nella pubblica, resta la chiave di volta. Ma mi rendo conto che questi sono temi che alla parte maschile delle sinistre italiane non interessa molto. Peccato.

 

 

 

 

 

giovedì 21 aprile 2022

Il femminismo della differenza: Luce Irigaray

 

Prendo a prestito parte di un articolo pubblicato sul blog di Diego Fusaro (https://www.filosofico.net/irigaray.htm) e citazioni da un capitolo del libro Ensayos criticos de derechos humanos. Tesis, imperativos y derivas di Alan Arias Marin (https://archivos.juridicas.unam.mx/www/bjv/libros/10/4993/5.pdf).

 

Fra pochi giorni sarà il compleanno di Luce Irigaray (Belgio, 1930), una delle maggiori esponenti del movimento femminista francese contemporaneo. Da un certo punto di vista rappresenta l’indicatore del mio interesse per la tematica femminista e di genere. Questo perché, quando mi laureai, nel lontano marzo 1985, ricevetti in regalo da un’amica e compagna del gruppo Oltre i confini senza frontiere di cui facevamo parte, il libro Passioni elementari di Luce Irigaray. All’epoca ero ben lontano da conoscere e capire la tematica, ma credo sia stato un segno premonitore, di un interesse che in questi anni recenti è diventato centrale nelle mie riflessioni. Rileggendo oggi materiali di Irigaray, mi ritrovo ogni giorno di più nelle sue riflessioni sul concetto del femminismo della differenza.

 

Luce Irigaray ha fatto parte dell’École Freudienne de Paris aperta da Jacques Lacan. Vicina al movimento delle donne, anche se non direttamente coinvolta in esso, Irigaray si sofferma sul legame senza parole delle donne tra loro e con la madre. Da simili riflessioni nasce la sua tesi di dottorato, Speculum. L’altra donna, del 1974, che costituisce una vera e propria critica radicale della concezione psicoanalitica della donna. Questa pubblicazione le costò l'espulsione dall'associazione psicoanalitica di Lacan. 

 

La Irigaray sottolinea, innanzitutto, come il pensiero occidentale si sia cristallizzato sul modello platonico di un soggetto unico (Dio, l'Assoluto, l'Io), le cui immagini depotenziate sono invece i singoli soggetti concreti. In questo modo, l’Occidente riposa per Irigaray su una totale dimenticanza della donna. L'attenzione del pensiero contemporaneo per l'individualità concreta non ha però intaccato il modello di riferimento della nostra cultura, che resta il maschio adulto. 

 

Nella prima parte, Irigaray critica le teorie sulla sessualità femminile degli psicoanalisti Sigmund Freud e Jacques Lacan, basate sul "fallocentrismo". Per loro, le donne non hanno un'identità propria ma sono un riflesso incompleto degli uomini. Irigaray propone di costruire la femminilità sulla base di una teoria basata sulla differenza sessuale, con valori femminili.

 

La seconda parte del libro passa in rassegna la tradizione filosofica occidentale, da Platone a Marx. Irigaray si dissocia dalla lotta per l'uguaglianza e, a sua volta, difende la ricerca di una "soggettività femminile autonoma", poiché nella storia, nella psicologia e, soprattutto, nel linguaggio, "il femminile" è stato definito sulla base del maschile, motivo per cui è necessario un suo proprio riconoscimento.

 

Un'altra critica è quella che la Irigaray muove a Simone De Beauvoir, compagna di Sartre ed esponente del cosiddetto “femminismo dell'uguaglianza”; qui la filosofa belga sottolinea l'errore di chi, come donna, volesse ottenere parità di condizioni e diritti cercando una uguaglianza con il modello maschile di riferimento della cultura occidentale. In questo modo, infatti, si finisce implicitamente per ammettere la validità del modello, che non viene contestato, ma che anzi si cerca di imitare e di raggiungere. Ma la critica a Simone De Beauvoir è solo uno spunto per affermare la intrinseca diversità della natura femminile: la differenza sessuale. Irigaray afferma a più riprese che ciò di cui bisogna prendere atto è il limite interno alla natura stessa dettato dal genere a cui apparteniamo. Vi è una forma di negativo non solo fra l'essere umano e la natura, ma nella natura stessa, che è Due: uomo e donna.

2022 L23: Beppe Fenoglio - La paga del sabato

 


Einaudi, 2014

Scritto insieme ai Ventitre giorni della città di Alba, ma rimasto inedito fino al 1969, La paga del sabato rappresenta per certi versi il seguito delle vicende della guerra partigiana che Fenoglio aveva mirabilmente raccontato.

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Interessante, anche se si capisce bene che era un testo incompiuto e che aveva bisogno di parecchio lavoro ancora.

giovedì 14 aprile 2022

25 Aprile: uno zio partigiano


 


Si chiamava Bruno, nato nel 1925 ad Altavilla Vicentina, secondo di tre (la prima, Alfrida, era mia madre). Nella primavera del 44 si unì alla formazione partigiana Malpasso, costituitasi a Valmarana nell’aprile di quell’anno, su iniziativa del fratello di mio nonno, carabiniere, conosciuto più tardi come “il Maggiore” (probabilmente una promozione prima della pensione dato che all’epoca il suo grado era Tenente). 

 

La repubblichetta di Salò cercava di arruolare tutti i maschi in età da combattere, e in parecchi, renitenti alla chiamata di quella repubblica fascista, si trovarono a casa sua per manifestare da un lato la loro paura, il disorientamento e dall’altro la volontà di “fare qualcosa” contro i tedeschi e quelli che li aiutavano.

 

Il Maggiore trovò le parole giuste per motivarli, e da quella sera la formazione partigiana Malpasso iniziò ad agire. Erano giovani e meno giovani, mio zio non aveva compiuto vent’anni, senza legami partitici, uniti solo dalla volontà di costruire per sé stessi, le loro famiglie, i figli e i figli dei loro figli, un futuro di libertà e di dignità umana.

 

La zona di operazioni era quella di casa loro, il comune di Altavilla, dove potevano contare su un valido appoggio delle tante donne patriottiche, nonne, mamme, fidanzate che li aiutavano, li sfamavano e li nascondevano quando necessario. Più tardi sarebbero stati integrati nella brigata Argiuna, con la denominazione di XVI squadra guastatori.

 

Non so quasi nulla di mio zio, solo che era bello, studente e partigiano e che aveva un mitra “Sten”, l’arma per eccellenza della seconda guerra mondiale, citato anche nel libro “Il partigiano Johnny di Beppe Fenoglio. Forse aveva anche lui una ragazza che lo aspettava, chissà come si chiamava. I miei nonni non li ho mai sentiti parlare di lui, forse la ferita di perdere un figlio così giovane fu così grave che probabilmente non si rimarginò mai del tutto. Lo stesso penso per mia madre, che era più grande di 4 anni, per cui quando l’11 maggio morì (tornando a casa dopo la vittoria) accidentalmente a causa di una raffica che partì dal suo mitra, per lei deve essere stato un trauma ancora più grande. Valga il fatto che, quando due anni dopo nacque il primo figlio, mio fratello maggiore, che fra l’altro gli assomigliava molto nelle foto giovanili, gli misero lo stesso nome, Bruno.

 

A parte il Maggiore, che aveva fatto parte del corpo di spedizione in Montenegro e Bosnia, dopo il fronte greco-albanese, e quindi aveva conosciuto cos’era la guerriglia, i sabotaggi e le rappresaglie, gli altri non avevano esperienza militare: erano andati a fare i partigiani con le loro paure, le loro debolezze, e con i loro (e nostri) sogni.

 

Andarono a combattere, con le armi, perché contro l’invasore (e contro i fascisti) non c’era nessun’altra possibilità. Morto nel 1945, Bruno fece quello che andava fatto, senza se e senza ma. In questi giorni di guerra alle porte di casa nostra, con un invasore che usa metodi barbari, città rase al suolo, violenze e stupri su donne e bambini, che non rispetta la parola data e che solo ambisce ad evitare che il “virus” della democrazia attecchisca alle porte di casa sua, e con tanta gente che critica l’appoggio ovvio che dobbiamo dare all’Ucraina per difendersi, dato che sta difendendo anche i nostri valori, nati dalla Resistenza, mi vien da pensare a cosa direbbe mio zio, che ha dato la vita per questo.